terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Ano novo (Tudo de novo outra vez).

Primeira escrita de 2010. Estou meio atordoado, devem ser umas 4 da manha. É o primeiro cigarro do ano, cigarro que eu trago, não vejo, não seguro entre os dedos. A verdade é que eu nunca consegui fumar um maldito cigarro em toda a minha vida sem tossir, eu odeio o cheiro, a fumaça, a sensação, o gosto... e só porque seria o momento perfeito pra isso, ele está aqui agora, no meu imaginário, apaziguando-me. O pessoal esta curtindo a festa no apartamento, mas eu precisava de um tempo só, escrever. Minha mão começa a tremer quando fica muito tempo sem pegar na caneta, parece cocaína. A passagem do ano foi boa, cantamos muito, corremos de mãos dadas na praia, formando um grande paredão humano, eu catei pedrinhas, dançamos, bebemos..é o primeiro dia do ano. O maldito primeiro dia do ano e eu beijei a ultima pessoa que minha razão implorava para não beijar. Ela veio sorrateiro, no escuro, eu só fui até o quarto pegar meu caderno, este mesmo aqui, que escrevo. E ela apareceu. A escuridão confundiu-me um pouco, a princípio, mas logo ela me tocou o rosto e reconheci. A mesma pele, o mesmo toque, um cheiro um pouco diferente... talvez dos outros corpos aos quais ela já se misturou desde que eu disse adeus, até, essas coisas.... mas o mesmo olhar. O mesmo olhar inquieto, que quer gritar, mas não grita. Ela tentou me beijar, recuei. Queria não beijar ninguém, estava tudo confuso em minha mente, queria encontrar alguém que me acalmasse, que não me desse arrepios ao se aproximar.. ela se desculpou. Nos olhamos, ela me tocou, o mesmo toque. O álcool, culpa dele, culpa desses 7 meses que amei-a mais que a própria vida, culpa das suas lagrimas que não conseguem correr, estagnadas.. culpados, eternamente culpados. Puxei-a, nos beijamos... tudo de novo outra vez. A mesma boca. Ela me disse “saudades” e me abraçou. Eu quase nos deixo cair...talvez, eu sinto que. Ela fala. Eu não digo uma palavra, eu já havia dito tanto, e nada havia adiantado, eu era apenas cansaço...beijei-a por cansaço, cansei de lutar, relutar, pedir explicações, ouvir desculpas. Cansei do papo chato e hipócrita, das mentiras, das brigas, dos discursos. Eu era só silencio. Ela perguntou se eu voltada, balancei a cabeça numa dúvida. Ela pediu “volta sim, precisamos conversar, volta”. Eu balancei a cabeça, afirmando, mas estou cansado de falar.. queria apenas esquecer, deixa pra lá... mas ela não, então ela disse que me amava... ela diz que ama...


não respondi, não consigo, não sei. Eu era só silencio. Então ela se assustou com a luz que acendeu no corredor, e eu vi. Vi o mesmo medo, a mesma fraqueza, a mesma carência, a mesma tormenta. De não saber quem é ou pra onde ir.. e disso estou farta, e vi que nada havia mudado, era o mesmo, tudo de novo outra vez. Eu precisava descer, apenas. Beber, sentir o vento um pouco. As ruas cheiram a mijo. Gosto de ficar só, escrever. Queria uma máquina que digitasse todos os meus pensamentos, são muitos, a mão não acompanha, então esqueço-me. Eu só quero dormir agora, apagar, fugir... quero que ela me esqueça, que acabe, quero vida nova, estou cansado. De palavras, palavras não adiantam mais. Nunca adiantaram. Eu quero o silencio, quero olhar pra dentro e ver se aprendo alguma coisa, e enxergar o mundo. Estou com fome. Eu quero viver. Viver no meu mais profundo calar.
PS: Veja meu estado, caro amigo...bebo champanhe em uma taça de plástico, na outra taça, bebo boêmia preta. Álcool... só não é pior do que as mulheres. Feliz ano novo.