Minha vó uma vez me falou
Se esconder muito uma coisa
Vai acabar esquecendo onde escondeu
E assim nos anos que se soprou
Sem saber aonde caíram os amores
Esqueci-me desse verso e vida aos medos sucedeu
Naquela noite enterrei meu coração feito betume
Sem mapa nem baú pra resguardar
E parti pra relva feito fera aluada
Feito bravio bicho, fero e rusguento
Aos sentimentos ruminar
Fiz-me de cego ao amor que não me escutas
Muitos rodeios pra chegar ao mesmo fim
Rasguei da noite corpos feitos de carne rubra
Feitos inflamada pele incendida crua e nua
Todos rostidos contra mim
Mas na dureza deste solo impenetrável
Aqueles olhos surgiram pra me assombrar
À espreita, clara, a palavra da rósea boca
Fez-se em lava o peito e em lágrimas
Minhas certezas derrubar
Mas na ironia deste conto que é maldito
Achado o coração, com suas mãos
Pôs-se a desenterrar
E o me entregou com sádico sorriso
E pra escura nua fria noite
Dando Adeus, foi retornar...
Agora entendo os homens de palavra
Da tuberculosa geração
Não há prosas, ladainhas e nem versos
Pra saciar a falta de um coração
Agora sim, agora sim, virei poeta
Depois do empedernido frio de teu ardor
Só é poeta, bardo tolo ou palavrante
Quem um dia já sentiu as dores de um grande amor
Um comentário:
lindo lindo lindo
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