quarta-feira, 24 de outubro de 2012
Morrer-se
Difícil estar, se a alma não paira sob o mesmo ponto que o corpo.
Ela voa aborrecida e melancólica, a arrastar seus machucados, sangrar paredes.
O corpo cansado a segue, enfim, atrasado.
Ele pede "arrego", cai, dorme.
E ela permanece acordada, a olhá-lo.
E desfalecido, abandona tudo.
Não quer lembrar-se de memórias, nem render-se às
fraquezas dos sentimentos de quando se está de olhos abertos.
Ela reluta, contudo, concorda.
E assim, deita-se ao lado do corpo, também querendo apagar-se
de tudo, porque acordado, é difícil morrer-se em silêncio.
quinta-feira, 24 de maio de 2012
Inverno de céu
A lembrança em meu
peito dorme
de ti a acalentar-me
os cabelos ao afago de
teus dedos
e a boca ao afago de
tua boca
E no céu como meu
suspiro
aos vários pontos de
quando beijo
as costas tuas a
sensação fosse
pintam estrelas que meu
choro guardam
da falta tua que me faz
E faz-me nua de um
desejo puro
ao corpo abrir-se em
pétala a se regojizar
nuca tua, alma tua,
pele tua
que nos sonhos procura
peito teu para repousar
E com estrelas do
invernoso céu despeço-me
para enfim te
reencontrar
para o abraço quente
teu do frio que agora parto
sempre, hei de voltar
pois pássaro já
encontrou seu ninho, sua casa, sua morada.
Mauá. 22/05/2012
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