domingo, 20 de dezembro de 2009

O conto da tinta sobre o papel

“ Posso te contar um segredo? A paixão é que nem um desenho em aquarela. Há anseio de vê-lo pronto, consumado. Mas, com paciência esperam os melhores artistas, pintando de leve a cor das montanhas e do céu. Há anseio em jogar a tinta, preencher logo todo o papel, mas os que esperam, fazem uma base mais firme, suave.
Como a paixão, a aquarela fica borrada se não esperamos secar, fora de foco. É preciso manter o foco para não perder a cabeça, e não botar o pincel no lugar errado, e acabar borrando o desenho. As vezes é difícil controlar, usamos agua demais e acabamos manchando tudo. Ou ficamos sem paciência e deixamos o desenho pela metade. Mas os sábios artistas esperam... por mais longa e dolorosa que seja essa espera, e por mais que a pintura leve tempos para ficar pronta... porque só assim se faz uma obra prima.
As camadas só são preenchidas ao longo do tempo, e então vai tomando forma, cor, beleza. Até ficarmos satisfeitos e darmos o trabalho por terminado (até segunda ordem, pois esse não termina nunca). Eu fico triste por aqueles que acham que acaba por aí, que a pintura não tem vida, sentimentos... sinto-me inteiramente responsável por aquilo que cativo..por aquilo que crio... Não adianta depois de trabalhar tão duro, guardar a tela no armário, se não ela perde a cor, resseca, racha. Eu sempre escolho o melhor lugar da casa ( e do coração) para o meu quadro. Passo, e dou um beijo, orgulho-me e sorrio.
Sorrio...
Ora, acho que já falei demais.. agora tenho de ir.. pois preciso me dedicar a uma certa aquarela...”

-------------------------------------------------------------------

Um conto, uma carta.


Obs: Sou péssima para colocar títulos...

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Poema das três coisas

Quando a lua está baixinha assim no céu
Amarelada como um queijo,
Dá até água na boca
Eu lembro dos fondues que a gente fazia aqui em casa
Assistindo os filmes esquisitos que a sua irmã emprestava.

Nunca vou esquecer do “ morangos silvestres”
Nós deixamos os morangos do filme e lado
E nos concentramos em outros
Longa-curta noite...

A lua está mais alta agora, bem branca
Como um pingo de tinta num papel bem escuro

E eu amo você.


É muito bom ficar assim, sem fazer nada...
Só olhando, respirando, amando...
São estas três coisas que me fazem saber que estou vivo:
A lua, a respiração e você...
Você.