terça-feira, 30 de setembro de 2008

Parede

Parede, parede..
Entre quatro paredes
O toque dos dedos
A pele de cetim
Ao tremer dos corpos
Os cantos somem
E paredes viram
Um circulo sem fim

Parede, parede, parede...
Lugar que da sede
De amor, calor
Onde a sublimação ocorre
O ódio morre
E toda briga termina
Com um final feliz

Parede...parede...
Onde a fala se perde no ar
E tudo é cheiro
Sabor
Textura

Paredes...
Lugar de começo
Meio e fim
E que fim é este...
Quando a formosura preenche
Todos cantos vazios

Parede
De suor
De frenesi de felicidade
Lugar pra matar a saudade
De criar vida
De começar a arte!

Ah...paredes!
Entre quatro paredes
Há tanta perfeição
Em que o homem se põe
E tanta ternura
Entrelaçada na fronha
Que anjos, arcanjos
E até os Deuses
Sentem vergonha

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Lição de amor

No livro de paginas amareladas
O cheiro de antigo amor que me há de lembrar
Do som que o disco soou
Arranhado como a mais bela lembrança

E sentado naquele café
Esperando minha hora chegar
Os pensamentos sem conseguir fluir
Só sonhavam com você a passar

Estranho que eu venha a querer
Sua pele que nunca toquei
Triste não saberes existir
Todo o amor que sempre lhe dei

E tu que não sabes de mim?
Nem pensas no meu sonhar sobre nós
Falas a mim chorando tua loucura
E ata ainda mais forte nossos nós

Dos poemas que escrevo para ti
Tu amas e vem me falar
É ironia que me faz rir
São teus elogios que me fazem chorar

E tu que não sabes de mim?
Sou só um com quem trocas meias palavras
E quando vais embora
Sorriem em mim as palavras trocadas

Um dia chegastes a mim
Quando brigaste com teu amor
Disse-lhe as mais belas palavras
Sobre o amor que suporta toda dor
(Ironia...)

Mas não penses que choro pelos cantos
Sou feliz em meu estado calado
Uma vez o amor me ensinou
Que se verdadeiro um bocado

Só quer que seu bem
Acima de tudo
Seja de todos
O mais amado...



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Escrito hoje em um guardanapo do café Baronni, livraria Saraiva.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Sai de mim

Quando a alma levita
As assas ressoam um som desigual
Os olhos encharcam o sorriso tremido
E aquilo se torna imortal

Quando o pensamento voa
A visão entorpece num pico sem fim
A dor do vazio encanta
Quando a alma sai de mim

Quando a emoção se torna a única razão
E não há o que possa parar
Não há quem ponha meus pés no chão
Quando a alma começa a flutuar

Quando as mãos tentam pegar
Os joelhos tremem até cair
Se o corpo não puder mais suportar
A alma sai de mim

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Escrito depois da estréia da minha peça do ano passado, essa é a sensação de atuar.