quinta-feira, 11 de março de 2010

Quindim

15 pra uma da madrugada.
O pão de queijo daqui é muito bom...
Vim comer no posto e aproveitei pra abastecer. O carro rodou a semana inteira procurando algo desconhecido, então, precisei encher o tanque pra amanhã.
Apesar de ser tarde e o domingo ser chuvoso, tem muitas pessoas aqui. Um cara engraçado, com uma gravata preta pra dentro da camisa de malha comum, conversa com uma mulher roliça e atarracada, me olham com curiosidade.
O astral está bom, a moça do balcão é muito simpática. Ela me ofereceu a promoção do pão de queijo e todyynho, mas eu já estava tomando meu suco.
Na verdade eu vim aqui porque estou sem sono. Não consegui dormir desde que comecei a procurar um apê pra mim na zona sul do rio. Sempre fui muito precoce, e agora talvez eu vá morar sozinha e mal completei duas décadas, mas isso é uma longa história, deixa pra depois.
Eu queria mesmo era falar do quindim. Sim, tudo isso pra falar do quindim, dei várias voltas pra falar do quindim, eu sei que você adora.
Já reparou como no fim todas as coisas levam à você?
Eu já estava me conformando com a sua ausência desses dois dias, mas aí eu achei a colherzinha de plástico verde que você esqueceu aqui no meu carro, quando tomou aquele sorvete de menta também verde.
Foi naquele mesmo dia, naquela quarta-feira chuvosa, quando almoçamos na confeitaria colombo. Lembra disso? A primeira vez que comemos juntos, e você pediu um quindim, eu comi um pedacinho humilde, estava satisfeita. Na verdade quase não comi nada aquele dia, me alimentei de te olhar, da tua companhia, da tua voz...
E você comeria mais uns três, e eu continuaria a te olhar, divertidamente.
Enfim, eu comprei um quindim no posto, mas o levei pra casa. Sentei no meu quarto e coloquei pra tocar Vinícius e Toquinho.
Samba me lembra você, vai lembrar sempre, depois que cantamos animados no meu carro junto com o Martinho da Vila rolando alto.
Depois de muito enrolar, ainda falta uma mordida pra acabar o doce. O que eu faço agora?

… dou a última mordida...e...


… engraçado, ela me lembrou seu beijo.


R.

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Pensei em escrever mais para aumentar o conto... mas achei que ele já
dizia tudo, na sua simplicidade.

Escrito em novembro de 2009, pra você.

12 comentários:

Márcio Vandré disse...

Não precisaria escrever mais.
Com as palavras que tens aí no texto fechou com precisão a idéia.
E gostei bastante! :)
É escritora boa, além de quadrinista (quero ver seus quadrinhos, em?)...
Beijos!

aluah disse...

Gostei muito do desfecho.
Posta alguns quadrinhos teus!!

Maria disse...

Disse tudo. E é tudo lindo. E doce.

Gostei daqui ^^

Meu beijo

aluah disse...

hahahah
é verídico sim hhehehe
nao posso dizer mais... gosto disso de que nao saibam se veridico é ou nao...

vou ler o teu conto, o que citaste do papel e caneta

Juliana Loyola. disse...

Se todo mundo que me incomodasse mostrasse coisas tão interessantes quanto esse texto, eu estaria feliz da vida!

shaaa disse...

toda vez que venho aqui, minha imaginação trabalha de maneira inacreditavel...cheguei a sentir o vento frio de chuva, o heiro do pão de queijo e o gosto do quindim.

beeijo

Unknown disse...

Adorei amiga !! Você sempre escreve coisas incríveis.

Parabéns.

=***

Natália Kochem disse...

nao precisa escrever mais, tá perfeito! lindo, lindo. =) gostei demasiadamente! =P [óo até explorei meu conhecimento léxico hein!]

Anônimo disse...

fiquei uma hora olhando pra esse texto...sem saber oq pensar,oq dizer,oq falar..apenas olhei,e derrepende me veio a cabeça de como certos momentos são inexplicaveis e nostalgicos...obrigada! estou ouvindo vinicius e toquinho agora..
beijos com sabor de quindim

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

R.C., gostei bastante!
Achei muito legal a maneira como você se expressou.
Jefferson.

Renato Santos disse...

e oq aconteceu com o garoto do quindim? pq nao deu certo?