quarta-feira, 3 de março de 2010

O soneto torto de Itabira

Deixe a montanha aí rapaz
que o galo canta
o sol se encanta
e meus olhos choram de tanta poesia

Deixe a montanha aí rapaz
que elas me abraçam
e formam um arco
que como um laço protege a cidade de Itabira

Na casa de Drummond
o cheiro de prosa
o jardim de Marílis
e a passagem secreta do sótão
a antiga sala de jantar
a antiga correria...

Um sorriso por esse cheiro de mato
uma lágrima pela locomotiva a jato
que num minuto leva Itabira nas costas
suas montanhas, mas também seu coração

Por isso fugiu o poeta
pois lhe roubaram a sua canção
a gentalha do ferro faz maquinas
que não possuem o dom da criação

Na rua de pedras
envolvem-me os casarões
ouço o sino Elias
Anunciando as mais belas procissões

Silêncio...

As nuvens correm agora
como correu o poeta

Deixe a montanha aí rapaz
que o que se leva de Itabira
é só o amor
o cheiro de mato

É tudo de graça
como tu já levaste a esperança
daqui só se leva poesia
que de tudo, é a mais bela lembrança.




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Poesia para a lindíssima cidade de Itabira, fevereiro de 2010.
Sentados sob ferro, manta de cor vermelha, o sangue derramado da natureza em pedaços. O homem se ilude ao pensar que pode destruir algo que ele não criou e ficar por isso mesmo.
E assistindo ao belíssimo nascer do sol, me disse " Isso acontece todo dia... e ninguém se dá conta... e é de graça."


R.

11 comentários:

Natália Kochem disse...

Deixem as montanhas, deixem as arvores, deixem minha poesia em paz, deixe meu alimento ser, e estar, e continuar.

Dói a contatação de atitudes insanas, dói mesmo...

Linda a poesia.

Zierley Jardim disse...

opa!
muito obrigado pela visita no meu espaço.
tbm gostei do seu.
vou seguindo, ok?
abraços!

Sandra Silva disse...

Não bebo, mas confesso que me senti inebriada no blog.

Bons goles, viu?

Bjs meio sóbrios

Filipe disse...

Teu fôlego poético é cada vez melhor!

Beijo!

Márcio Vandré disse...

A poesia é como uma foto em um retrato.
Marca uma passagem.
E por isso nós escrevemos. Para lembrarmos daquilo que queremos esquecer.
Estou retribuindo a visita!
Sobre os quadrinhos, bem, eu prefiro o garrancho mesmo.
Quiçá seja o brilho (ou a falta dele) que faça aquele canto um pouco mais especial para mim.
Um abraço!

.ana disse...

Oi! :)
gostei muito do teu blog. além de lindo, tem conteúdo!!
obrigada por seguir o meu... acompanharei teu espaço tb.
[e não recordo se já li "pela noite" do caio... é possível que sim, mas leio tanta coisa que às vezes acabo esquecendo algumas. vou atrás disso pra dar uma conferida... acho ele ótimo.]

bjos!

Victor T. disse...

Comentário

Márcio Vandré disse...

Haha!
É desenhista? Quer tentar fazer um trabalho coletivo então? Eu faço o roteiro (ahahaha) e você desenha, que tal?
Um abraço! :D

Breve Leonardo disse...

[de vento atlântico, os anjos mancos retiram um balde e arremessam tempestade de letras em ambos os lados; a mão que escreve, a mão que recebe]

um imenso abraço para a Pasárgada
(de Bandeira e do mundo)

Leonardo B.

Márcio Vandré disse...

Então vamos planejar algo!
Anota meu e-mail que mantemos contato: marciovandre86@gmail.com
Au revoir!

Anônimo disse...

Olha, infelizmente, eu não conheço Itabira. Mas, deve ser um lugar encantador para servir de inspiração para um poema tão lindo assim!
Jefferson.