sábado, 4 de outubro de 2014

Esquecido virei Poeta

Minha vó uma vez me falou
Se esconder muito uma coisa
Vai acabar esquecendo onde escondeu
E assim nos anos que se soprou
Sem saber aonde caíram os amores
Esqueci-me desse verso e vida aos medos sucedeu 

Naquela noite enterrei meu coração feito betume

Sem mapa nem baú pra resguardar
E parti pra relva feito fera aluada
Feito bravio bicho, fero e rusguento
Aos sentimentos ruminar

Fiz-me de cego ao amor que não me escutas

Muitos rodeios pra chegar ao mesmo fim
Rasguei da noite corpos feitos de carne rubra
Feitos inflamada pele incendida crua e nua
Todos rostidos contra mim

Mas na dureza deste solo impenetrável

Aqueles olhos surgiram pra me assombrar
À espreita, clara, a palavra da rósea boca
Fez-se em lava o peito e em lágrimas
Minhas certezas derrubar

Mas na ironia deste conto que é maldito

Achado o coração, com suas mãos
Pôs-se a desenterrar
E o me entregou com sádico sorriso
E pra escura nua fria noite
Dando Adeus, foi retornar...

Agora entendo os homens de palavra

Da tuberculosa geração
Não há prosas, ladainhas e nem versos
Pra saciar a falta de um coração

Agora sim, agora sim, virei poeta

Depois do empedernido frio de teu ardor
Só é poeta, bardo tolo ou palavrante
Quem um dia já sentiu as dores de um grande amor







Um comentário:

Anônimo disse...

lindo lindo lindo